sexta-feira, 29 de março de 2013

S.

Oiço as tuas músicas, incessantemente. Não sei se para me torturar ou se por alívio. Será que seria mais feliz sem te ouvires, ou só me ajudas a lembrar-me de que sou infeliz?

domingo, 17 de março de 2013

A C.

Tento entender por que é que lutas tanto contra aquilo que queres.
Dizes que nem tudo precisa ter um sentido, mas não é questão de precisar, é questão de ter. Ponto.
Tudo no mundo é resultado de outras coisas.
Dito isto, por que foges de mim? Ou melhor, por que é que foges de nós?
Não é voto religioso, não é filosofia de vida. Nada parece ser, senão medo.
 Mas medo por que? Sei que os medos não costumam ser racionais, mas parece-me que estás a racionalizar em demasia. Gostaria de encontrar-te uma vez mais, ao menos.
Sei que nos meus braços convencer-te-ia de que não há mais que temer.

domingo, 10 de março de 2013

Vazio.


                Vivo sem propósito. O que tenho? É mais o que não tenho. Faltam-me sonhos, objectivos. Convivo apenas com ilusões. Pensamentos parvos e abstractos de futuros irreais e impossíveis. É engraçado como até certa idade, nós vivemos direccionados para o futuro. Escola, cursos, escola, Faculdade. Estamos a preparar para viver as nossas vidas. Temos nossos amigos, nossas paixões (humanas e inanimadas), e sonhamos. O que fazemos quando nos tiram tudo isso de uma só vez? "Reconstruir", parece ser a resposta mais imediata e, diria até, a mais acertada também. Mas para onde vamos nós se nos tiram isso tudo? Pelo menos, no que toca a mim, eram essas coisas que me motivavam para seguir. Tinha objectivos a longo prazo, e objectivos a curto prazo. E enquanto não os cumpria (nem sequer os a curto prazo), estava rodeado por pessoas (e coisas, e lugares), que me saciavam desde já. E no momento em que nos tiram isso tudo? Os objectivos a longo prazo permanecem, mas estão tão distantes que já parecem delírio. Os objectivos a curto prazo, não são mais os mesmos e já não se afiguram com as mesmas características, e até eles parecem-nos mais distantes. "Mas isto é bom", dirá um moralista, "são nestas situações que as pessoas fortes emergem". Mas e se não formos pessoas fortes? E se, no fundo, toda nossa força advinha daquela situação de estabilidade que atingíamos com ajuda de uma série de variáveis as quais já não temos mais ao nosso lado? É por isto que admiro muito as pessoas que têm fé. A elas, existe sempre quem lhes conforte e aponte para o vindouro e diga com terna voz: "serás aquilo que mereces. faz por ti, e serás aquele que queres". E isto fortalece, e isto inspira o homem de fé. Eu bem que tento, mas não consigo ter fé. Defeito das minhas irregulares vivências. Eles, ao menos, sentem que há quem os proteja e que os defenda, e que esteja ali para rir e chorar por eles. Eu? Por mais que tentem, não me sinto atingido. Sei que não é culpa dos meus amigos, a culpa é minha. Encontro-me ilhado de tal forma, que é como se eu fosse um náufrago. Posso até mandar as mensagens por garrafas, e elas hão-de chegar ao continente, mas qualquer resposta relançada ao mar, não conseguirá atingir a ilha em que me encontro.
                Por vezes surgem coisas (ou pessoas), que trazem em si um pequeno brilho, que nos traz alguma esperança. Mas, costumeiramente, partem tão depressa quanto chegam, e tudo passa a ser ainda mais vazio, e a fazer ainda menos sentido. Não consigo pensar em suicídio. Esse pensamento vaga por perto, mas não consegue entrar. Apesar de tudo, ainda não sou assim tão egoísta. Não. Em vez disso, vivo numa inércia. Um trabalho que não me apraz, somado a horas de não-pensar, e outras de sono (que por vezes põe-me de pé antes do que o esperado). É assim que vivo meus dias.  Ou melhor, é assim que caminho os meus dias.