sábado, 26 de janeiro de 2013

Lenguas.

Eu gostava de saber mais línguas. Ainda que não me movimente para tal coisa, gostava. Há certas coisas que começo a pensar e sinto que deveriam ser escritas em certas línguas. Por vezes, estou a pensar, ensaio alguma iluminação filosófica, e arrisco-me em duas ou três palavras francesas, soa-me tão melhor. Por outro lado, se estou revoltado com algo, parece-me que não haveria melhor que a rispidez do gutural Castelhano. Para se discutir ciências, o natural seria o Alemão, língua precisa e oleada, que ainda hoje mantém, bem nomeada, a declinação em meio à sua gramática. O inglês parece-me o mais apropriado para fofocas e discussões políticas (no fundo, a mesma coisa). Não me custa nada admitir que o Italiano seria aquele para dizer palavras bonitas a uma amada, nada supera o seu ar de 'língua cantada'. Por fim, o Português. Nenhuma língua me parece mais apropriada para se contar uma História ou para se expor os pensamentos do que o Português.

A ti.

Recentemente voltei a ouvir Oswaldo Montenegro, aquele velho CD com a capa dourada ('80, se não me falha a memória). Ainda hoje, não entendo por que deixaste de ouví-lo. Deixava-te triste, dizias-me. Continuo sem entender porque. Quase um ano passou-se desde que... Desde que. Não nos falamos desde então, mas no entanto, estou aqui, a ouvir Oswaldo Montenegro, para reconectar-me contigo. A lista, com as músicas do CD, ainda possui o nome "Oswaldão", como costumávamos chamar-lhe durante os meus tenros dias. Para lhe acompanhar, saboreio (sem tragar), um Hollywood vermelho. Não fumo por hábito, mas sim por prazer. É o cigarro o meu único companheiro de reflexão nos últimos tempos. É ele quem me responde às minhas mais profundas indagações. No fundo, o cigarro é tu. Parece-me, inclusive, que faço algumas caras parecidas com a tua quando fumo. Tenho saudades tuas. Mas a nós sobra o orgulho. Estou gordo e decadente. Não luto, sequer. Não tenho pelo que lutar. Sento à espera de que surja algo, que me faça erguer. Penso que estou apenas a justificar-me a mim mesmo. Gostava de ver-te, mas não poderei ser o primeiro a falar-te. E se me falares, não serei capaz de te receber sem te questionar. É verdade. Sobra-nos o orgulho.