domingo, 10 de novembro de 2013

Esquinas da Vida

Escrito a 7/09/2013

Enquanto o sol nascer, poderemos sempre encontrar-nos nas esquinas da vida. O tempo é cruel e indefinido. Estaremos, é certo, mais velhos. Talvez um dia, ou dois, talvez cinco, dez ou, até mesmo, vinte anos mais velhos. Mas estaremos aqui, a esbarrar-nos pelas esquinas da vida, seja por acaso ou intenção. 

O oceano, as palavras e os silêncios que nos separam, perderão todo o sentido e força que hoje têm, quando pelas esquinas da vida nos encontrarmos. 

Hoje saio à Rua e vou a largas passadas. Ao passar pela esquina, perco os meus sentidos e encontro amparo no chão. Olho para o lado, e eras tu quem tinhas passado. Ias a correr com toda a  velocidade que tinhas. Fiquei atónito, sem perceber o que se passava, quando, de repente, como um baque, brotaram-me do peito por via ocular, réplicas autênticas do Iguaçu. Quando a razão encontrou espaço em meio a tantas emoções, entendi a minha aflição. É que ias a correr em linha recta, e a vida é feita de curvas. Curvas, por vezes tão fechadas, que são quase impossíveis de serem feitas sem abrandar.  Tu não abrandaste, e acabaste por te despistar.

Não consigo entender! Por que é que não abrandaste? Acaso não viste a curva? 

Hoje, encontras-te no fim dos tempos. E ainda que o sol continue a nascer, e que eu tenha atravessado o oceano, e quebrado o silêncio... 

E ainda que, de facto a vida continue, já não temos as esquinas. Já não mais podemos nos tropeçar. Já não mais podemos nos voltar a ver...

Talvez faltasse-te um co-piloto. Talvez, por isso, não tenhas conseguido abrandar para fazer a curva. 

Tenho saudades.

Café

Iniciado a 29/08/2013

Como a grande maioria das coisas que conheço e sei, também foste tu que me ensinaste a apreciar o caloroso líquido preto. Amargo, sem açúcar. Afinal (em contra-corrente à vox populi), de "doce basta a vida". Hoje, também eu aprecio bastante essa amarga bebida, e é algo que não consigo dissociar à tua pessoa. Pois bem. Há no Centro um lugar chamado Curto Café. Fica no Menezes Côrtes, e irias adorar. Já os conhecia de quando tinha de ir regularmente ao Centro a trabalho, e sempre que conseguia, fazia um desvio para lá ir.

 Hoje, tive de ir ao Centro a trabalho. Resolvi comer um japonês no Koni, e depois fui lá. Eu já sabia que não estavam no mesmo lugar que antes, pelo que tive de procurar. Ao achá-los, surpresas agradáveis. Bem mais clientes do que esperava, e uma postura ainda mais integrada com eles. Pedi um duplo, e perguntei o preço. Nova surpresa: "para cada café, gastamos R$0,25 em matéria-prima. R$0,50 no caso do duplo. A partir desses valores mínimos, aceitamos qualquer contribuição.", disse-me o rapaz. Fiquei fascinado, e acabei por pagar R$5 pelo duplo.

Gostava que tivesses lá estado para aproveitar comigo o momento.