Je
regarde ta photographie, e sinto-me triste por não
saber francês. Sentada numa cadeira-divã, fitas, com os olhos quedados para a
esquerda, o teu interlocutor. O teu
cabelo molhado prenuncia e as gotículas pelo teu corpo denunciam-te: acabaste
de sair da piscina. Todo teu rosto encontra-se apenas levianamente voltado à
esquerda, somente os olhos viram-se por completo. Trazes um sorriso calmo mas
sincero. Os teus olhos vêm ligeiros, ainda que intensos, móveis, ainda que
firmes. Juntos, oculi et bucca, quais
delatores da verdade, revelam-te marota. Ou aprontaste, ou estás desejosa por aprontar.
Olho outra vez para baixo, e reparo num quase ausente bikini, que parece surgir
apenas para avisar-te vestida. Outra vez para cima, e chego ao teu chapéu. O
acessório menos dispensável de qualquer indumentária, acompanha-te neste
momento. De palha com um laço vermelho, vem qual cereja no topo de um bolo,
enquadrar toda a imagem até aqui desenhada. Ele confere-te seriedade, e
confirma-te a intencionalidade em ser marota. A descrever-te assim, pareces
saída da Belle Époque, directamente de
um quadro de Renoir. Mas não és. Estás aqui, e és real.
excelente, adorei
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